Administrado pelas associações de autores Abramus, Amar, Assim, Sbacem, Sicam, Socinpro e UBC, o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição de direitos autorais (Ecad), de certa forma comemora os resultados de 2020, um ano do qual o segmento de música nunca mais vai esquecer — por conta da pandemia da Covid-19, o setor foi um dos mais afetados no país, sobretudo os shows presenciais, suspensos em março e até agora praticamente não retomados.
Mesmo assim, a arrecadação de direitos autorais no ano passado ficou “apenas” 20% abaixo do total registrado em 2019 (R$ 1,12 bilhão), revertendo, em parte, a previsão inicial de queda estimada em mais de 30%. Mas isso só foi possível porque o órgão definiu como meta preservar a obtenção de receita, estabelecendo diálogo com todos os seus clientes. Além disso, adotou ampla reestruturação de processos e redução de custos administrativos, como a mudança de sede da empresa e investimentos em transformação digital.
“Neste contexto, o Ecad acompanhou tendências do mercado digital e atuou na cobrança de lives patrocinadas, que passaram a ter maior relevância para os artistas em meio à pandemia. Além disso, compreendendo o momento vivido pelos clientes e como forma de impulsionar o retorno da economia, o Ecad reavaliou os critérios de cobrança de segmentos como o de hotéis, academias e rádios comunitárias, e concedeu condições especiais de pagamento para shows, eventos e estabelecimentos sonorizados que voltaram a abrir após a quarentena forçada”, informa o comunicado.
O órgão fez ainda a primeira distribuição direta de direitos autorais dos valores pagos pelas plataformas Globoplay e Gshow aos titulares, o que foi considerado um marco para a indústria da música por contemplar os direitos conexos no segmento de Streaming. Outro aspecto importante foi a expressiva liberação de créditos retidos, que são valores que ficam protegidos devido a inconsistências ou falta de informações cadastrais. “Esse esforço conjunto do Ecad e das associações permitiu a liberação de mais de R$ 170 milhões, o que contribuiu para o alcance da marca de R$ 947,9 milhões distribuídos em 2020 para mais de 263 mil compositores, músicos, intérpretes, editoras, gravadoras e associações. O impacto financeiro da pandemia continuará a atingir todos os titulares de música em 2021, mas a gestão coletiva conseguiu fazer com que, em um cenário global de crise, o total distribuído em 2020 fosse somente 4% menor que o repasse de 2019”, continua o informe.
Mudanças institucionais também tiveram impactos significativos no resultado global de 2020. O Ecad reestruturou as áreas Jurídica e de Tecnologia da Informação (TI), garantiu investimentos em tecnologia e passou a contar com uma equipe voltada a inovação e novos negócios, especialmente os digitais. A maior eficiência de gestão reduziu custos em todas as áreas, reforçada pela adoção do sistema de home office e da mudança de endereço da sede, o que gerou uma economia de cerca de 50% do orçamento destinado aos custos fixos da empresa.
À frente do Ecad há pouco mais de um ano, a superintendente Isabel Amorim faz um balanço de sua gestão e do ano que passou: “2020 foi desafiador. As medidas adotadas se mostraram eficientes até agora, mas a pandemia ainda não acabou. Há uma preocupação com relação aos shows presenciais, que ainda não voltaram, e a clientes como os estabelecimentos comerciais, que ainda não podem abrir suas portas como antes. Mas estamos preparados para encontrar soluções e fazer todo esforço para manter a arrecadação e a distribuição de direitos autorais, o que as associações e o Ecad fazem com eficiência há mais de 40 anos”.