A bela e reflexiva “Não Existe Amor em SP”, escrita e lançada por Criolo há cerca de dez anos, ganha uma releitura sensível através de um dueto delicado. O rapper paulistano se une a Milton Nascimento na gravação que chega hoje, dia 24, às plataformas de áudio e ao YouTube. Com direção musical de Daniel Ganjaman, a faixa traz no acompamento o pianista recifense Amaro Freitas. Melhor: chamando atenção para o momento de incentivo à solidariedade que estamos vivendo.
A versão de um dos principais sucessos da carreira de Criolo chega acompanhada clipe dirigido por Denis Cisma (diretor do clipe de “Boca de Lobo”, indicado ao Grammy Latino 2019) e Beto Macedo, com imagens gravadas durante o segundo encontro da dupla em estúdio, entre os dias 4 e 5 de março, e outras feitas na capital paulista durante os tempos de isolamento social.
Para chamar a atenção da sociedade aos mais de 40 milhões de brasileiros que não tem casa ou vivem em condições precárias, o lançamento da campanha ocorreu nas ruas: o clipe de “Não Existe Amor em SP” foi projetado em primeira mão nas empenas dos edifícios de São Paulo, como um incentivo ao movimento de ressignificar o seu título em função do momento atual.
As doações podem ser feitas no existeamor.com/doe através da plataforma de crowdfunding administrada pela Benfeitoria. O fundo é gerenciado pela SITAWI, que repassará os recursos para organizações como É de Lei, SP Invisível, Arsenal da Esperança, entre outras. A realização é uma parceria da agência AKQA, que também criou a campanha, e do Coala.Lab (núcleo de música e projetos do Coala Festival) com a Nascimento Música e a Oloko Records, gravadoras de Milton e Criolo.
O single faz parte do projeto “Existe Amor”, que é ao mesmo tempo um EP com quatro faixas e lançamento previsto para maio de 2020 como também uma campanha de um fundo solidário para a população em situação de vulnerabilidade social durante a pandemia do COVID-19. “Depois de tantas coisas maravilhosas que eu vivi nestes mais de 50 anos de carreira, nunca pensei que fosse ter o privilégio de participar de algo tão intenso como este. A união entre Criolo, Arthur Verocai, Amaro Freitas, Daniel Ganjaman e eu, foi uma das experiências musicais mais profundas que eu já tive. Tenho uma admiração gigante por cada um deles, e a nossa ligação através da música é uma força ancestral, mística e, sem dúvida nenhuma, divina”, afirma Milton sobre o projeto.
Criolo destaca a importância do encontro como motivador de transformações sociais: “Mais uma vez, a arte se apresenta como instrumento de humanização e sensibilidade em um momento de crise. É a exaltação da importância das questões humanitárias, já que nos extremos e em todas as favelas do Brasil, o estado de calamidade pública existe durante o ano todo. E o que fica de lição deste momento é que nós temos sim força para transformar tudo em algo bom, em algo melhor. Passaremos por isso e estaremos mais atentos ao tanto de necessidade que os lugares mais frágeis da sociedade brasileira tem passado. Que possamos nos unir e não esquecer dessa dura passagem de nossas vidas, que possamos tornar isso energia de solidariedade e de construção de um mundo menos desigual. Só o amor, através da compreensão, compaixão e trabalho, pode oferecer essa mudança. E a arte é ferramenta fundamental deste processo”, diz ele.
https://www.youtube.com/watch?v=vwjVbpKlTUc