O raciocínio e o processo de criação do rapper Konai, uma das boas revelações da música brasileira nos últimos dois anos, são quase tão rápidos quanto as mudanças vividas pelo artista de 2016 para cá. Foi tudo muito intenso desde que as primeiras canções começaram a ser escritas pelo jovem que morava em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Em pouquíssimo tempo, os primeiros sons do artista foram lançados e, mais importante, notados. Pouco mais de um ano depois, Konai já estava morando em São Paulo – voltando assim à cidade onde nasceu e de onde partiu para o Mato Grosso do Sul, quando ainda engatinhava –, lançando um single de sucesso atrás do outro e gravando clipes com figuras importantes do rap nacional.
Com uma boa dose de influência de Indie Music e sonoridades que remetem a bandas de rock, Konai não liga muito para rótulos, mas não se opõe aos fãs e críticos musicais que caracterizam seu trabalho como “sad songs” (canções tristes, em inglês). “Alguns até dizem que sou o precursor deste estilo (risos). E acho que o termo até que define bem as ‘bagunças’ que faço”, comenta o artista. O mais recente resultado da tal “bagunça” é “Fire”, single gravado com o DJ Ecologyk, que acompanha Konai nos shows, e Tati Zaqui. Como já havia acontecido com outros lançamentos do rapper, a faixa alcançou a marca de um milhão de views no YouTube em menos de uma semana.
Tão populares na indústria da música nos dias de hoje, os “feats” também fazem parte da obra do artista, que já gravou com Diana Lima, DaPaz, Gabrá e GaiaTakanashi. Por enquanto, no entanto, a parceria mais marcante foi com Cynthia Luz, em “Chão de Vidro”, lançada no final do ano passado. “Tenho um apreço absurdo por essa canção, que fizemos juntos. É especial, porque a Cynthia foi uma das primeiras pessoas a me dar oportunidade. Ela botou fé em meu trabalho no começo dessa loucura toda”, lembra com carinho.
Também importante na ainda curta, mas já expressiva trajetória de Konai, a dMusic, empresa de marketing e distribuição digital, cuida da gestão e planejamento da carreira do artista. Cada passo é planejado, sempre com o aval do jovem cantor, que inclusive mostra enorme maturidade ao falar deste novo momento em sua vida profissional: “A partir da hora em que a música passa a ser um trabalho, é necessário que se tenha um norte. E aí vem outro trabalho, por trás das canções: entender seu público, sentir o que pode dar certo ou não… Neste sentido, a dMusic é fundamental. E a graça, no final das contas, é misturar minha obra com eventuais demandas ou lacunas do mercado. Muitas vezes inclusive surpreendendo as pessoas. Esse é o real desafio. Seguir um planejamento, mas sem ser escravo de um padrão, até porque senão todos os artistas cantariam as mesmas coisas e da mesma forma”, explica.
Konai tem estúdio em casa e conta que não passa muitas horas longe dele. Qualquer momento é oportuno para compor e gravar. “Eu meio que acordo fazendo música. As letras ficam passando pela minha cabeça até na hora do almoço e do jantar”, conta. Com tanta disposição, o rapper planeja gravar seu primeiro álbum ainda neste primeiro semestre. “Já lancei muitos singles nos últimos meses, mas sempre pensei em algo maior, com um conceito. Tenho feito muitos shows pela “Tearboy Tour”, minha primeira turnê, iniciada em 2018, mas consigo encontrar tempo para me dedicar a este novo projeto, que terá faixas inéditas. Quero lançar este disco até o mês de maio. E aí partir para outra turnê”, revela.
VIOLÃO E TECLADO
Além da presença de Ecologyk, o atual show do artista traz alguns momentos acústicos, com violão, além de muito teclado. “Tentamos fazer sempre algo novo, como em ‘4 Estações’. Nesta canção, reproduzo beat ao vivo, toco violão, teclado e utilizo o violão também como percussão”, explica. A grande maioria das apresentações ainda acontece em São Paulo. mas o trabalho do artista já reverbera bastante no Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e outros estados.
Por enquanto, o maior hit de Konai, ao menos em números no YouTube, é “Te Vi Na Rua Ontem”, cujo áudio tem mais de 27 milhões de views. Porém, esta não é a faixa preferida do artista. “Todas as canções que faço acabam sendo importantes pra mim. Mas minha preferida, atualmente, é ‘És Bem Vinda’ (lançada em maio de 2018, já soma cinco milhões de views)”. Em comum, estas e outras músicas do repertório tem a visão do artista em relação ao mundo. Ao menos por ora, Konai procura compor inspirado em seus próprios sentimentos. “Tudo que escrevo é relacionado ao que penso sobre o mundo e às coisas que vejo acontecer. Ainda que em alguns momentos esses pensamentos sejam representados por metáforas. Meu ‘eu poético’ sou eu mesmo”, filosofa.
Assista ao clipe “Fire”, último lançamento de Konai, com Ecologyk, Tati Zaqui e Dread Hot:
