Entrevistas

Alexandre Pires sai em tour com o projeto “DNA Musical”

O cantor e compositor Alexandre Pires não esconde seu orgulho por ter nascido em Uberlândia, mas está longe do estereótipo do bom mineiro. Nada de “comer quieto” ou “pelas beiradas”. Muito pelo contrário. Desde que iniciou a carreira solo, em 2001, o artista já fez muito barulho nos mercados nacional e hispânico, lançando dez discos em português e quatro em espanhol. Não satisfeito, ainda encontrou tempo nos últimos anos para uma turnê comemorativa de 25 anos do Só Pra Contrariar e duas temporadas com o projeto Gigantes do Samba (ao lado de Luiz Carlos e Belo).

Não é de se estranhar, portanto, que o artista esteja mergulhado, em 2017, em mais dois projetos simultâneos. Disposto a retomar a carreira internacional, Alexandre lançou, em março, o single El Problema Eres Tu e desde então vem trabalhando bastante na divulgação da faixa em rádios e TVs voltadas ao público latino em Miami, além de ter viajado em abril para Santiago, no Chile, com o mesmo propósito.

A ideia de voltar a investir no mercado estrangeiro vinha sendo amadurecida pelo cantor e por seu empresário, Aldo Ghetto, desde o final de 2015. “De 2007 até o início deste ano o Alexandre vinha se dedicando apenas a trabalhos nacionais. Mas sempre pensando em voltar ao cenário latino. Por uma série de questões, como novos discos ou projetos paralelos, acabamos adiando algumas vezes este retorno”, conta Ghetto. Retorno este que será ratificado nos próximos meses com o lançamento de um novo álbum de inéditas em espanhol.

Porém, confirmando a inquietude do cantor, compositor e instrumentista destacada no primeiro parágrafo, um outro trabalho já está levando o mineirinho a viajar também pelo Brasil. Trata-se de DNA musical, turnê baseada no DVD e disco duplo homônimos, ainda inéditos, com produção musical e arranjos do pianista Pedro Ferreira. Todas as 24 faixas do projeto foram disponibilizadas nas plataformas digitais. O primeiro single, Por causa de você, uma releitura do clássico de Tom Jobim e Dolores Duran, foi também a primeira canção do repertório a ganhar um clipe oficial.

ÍDOLOS E INFLUÊNCIAS

Como o título sugere, este novo trabalho de Alexandre Pires traz canções e compositores que influenciaram e influenciam até hoje sua obra. “Além de mostrar meu DNA artístico, este álbum não deixa de ser uma homenagem a grandes astros de nossa música. E um resgate de canções que certamente ajudaram a tornar a música brasileira a mais linda do mundo”, diz o cantor. O set list é realmente especial, com Alexandre relembrando clássicos de Roberto Carlos (Eu e ela), Tim Maia (Bons momentos), Luiz Melodia (Pérola negra), Cartola (As rosas não falam), Agepê (Deixa eu te amar) e Djavan (num medley com Capim, Serrado, Fato consumado e Flor de lis), entre outros ícones. O artista alagoano, um dos maiores ídolos de Pires, foi ainda um dos convidados na gravação do DVD, realizada na Cidade das Artes, no Rio, cantando mais um de seus hits, Pétala.

Por sinal, as participações especiais merecem citação à parte. É difícil evitar o chavão, não utilizando a palavra “constelação”, pra destacar os duetos do artista mineiro com Jorge Ben Jor (em O telefone), Gilberto Gil (Deixar você), Martinho da Vila (Café com leite), Caetano Veloso (Você não entende nada e Meu bem meu mal), Seu Jorge (Ive Brussel, hit de Ben Jor), Ivete Sangalo (Lembra de mim, de Ivan Lins) e Milton Nascimento (Travessia). Nos shows, todos os convidados aparecem no palco em projeções em mapping (técnica que transforma qualquer superfície em tela de vídeo, sem distorção), “dividindo” o microfone com Alexandre.

A tecnologia permitiu assim encontros históricos na mesma noite com tantos ídolos. “Foi um grande privilégio cantar com todos esses amigos. Pela primeira vez com alguns, como o Seu Jorge, que é o grande artista da atualidade, em minha opinião, e o Djavan, que era um velho sonho. E me reencontrando com outros, como Ben Jor, com quem já havia tido a felicidade de gravar num disco do SPC. Foi emocionante também ter imagens do Chico (Buarque), que não cantou, mas aparece num video lindo durante a interpretação de Trocando em miúdos”, emociona-se.

Outros dois convidados tiveram uma importância ainda maior para o projeto, segundo o próprio Alexandre: “Gil e Caetano, que são meus amigos há mais de 20 anos, incentivaram bastante este trabalho. A gente costuma se reunir na Bahia, com outros artistas também, e todos acabam cantando alguma coisinha. E quando eu cantava essas músicas que entraram neste projeto, eles sempre falavam que eu tinha que incluí-las nos shows. Resolvi seguir o conselho (risos)”. O cantor fez mais do que isso. Procurou Paula Lavigne e contou sobre a ideia de regravar canções que o influenciaram. Ela, por sua vez, mostrou algumas gravações a Caetano, que gostou do que ouviu. “Aí me empolguei ainda mais e comecei a ligar pra todo mundo. E o pessoal foi aceitando participar. A Paula assumiu a direção do DVD, tudo foi crescendo e, no final, tive a alegria de poder compartilhar esse repertório com os próprios artistas que eu pretendia homenagear”, celebra.

DNA Musical também se destaca por contar, por intermédio de uma proposta visual complexa, um pouco da trajetória de Alexandre Pires. Trata-se, segundo Paula e o co-diretor Fernando Young, de um “videolist”, com todas as faixas ganhando vídeos específicos, a partir da projeção (novamente em mapping) de nomes, títulos de canções e vídeos caseiros do artista e de seus familiares em três telões no palco da Cidade das Artes.

Depois do lançamento de quatro faixas num EP digital e da posterior disponibilização do disco inteiro em plataformas digitais, alguns vídeos começaram a entrar na página de Alexandre no YouTube. E antes mesmo da Som Livre promover o lançamento do DVD e disco duplo nas lojas, o projeto foi transmitido na TV a cabo, no último mês de abril, pelo Canal Bis.

Já a turnê de DNA Musical teve início em março, com shows no Rio Grande do Sul, interior de São Paulo e uma apresentação especial no Metropolitan, no Rio. O espetáculo também já passou por São Paulo (capital), Porto Alegre e, logicamente, Uberlândia, onde tudo começou.

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