Destaque

Anselmo Troncoso fala de seus projetos e das inovações do mercado

Anselmo Troncoso é um profissional com currículo invejável, reconhecido por artistas, empresários e profissionais de gravadoras. Aos 41 anos, o goiano – formado em Rádio e TV, pós-graduado em Cinema e com passagem pela TV Anhanguera (filiada da TV Globo em Goiás e Tocantins) – ingressou no mercado musical em 2003. Desde então, foi o responsável pela direção (e em muitos casos produção) de mais de 120 DVDs de artistas de gêneros diversos como Jorge & Mateus, Gusttavo Lima, Mr. Catra, Simone & Simaria, Aline Moraes, Joelma, Raça Negra, Padre Fabio de Mello, Matheus & Kauan e Victor & Leo, além de dezenas de videoclipes. Troncoso também responde pela direção cênica de megaeventos, com destaque para o festival Villa Mix. Nos dias 1º e 2 de julho, Troncoso foi o diretor responsável pela parte operacional da edição de Goiânia do festival, incluindo palco, cenografia, iluminação e vídeo. Na entrevista a seguir, ele fala do seu trabalho, das inovações técnicas que empreendeu à gravação de DVDs e clipes de artistas e da relação com a AudioMix – em especial com Marcos Araújo. Confira.

SBusiness + SUCESSO! – Quando e como você começou a atuar no mercado musical?

ANSELMO TRONCOSO – Desde muito jovem me interessei por música. Na época de estudante, eu tocava bateria em uma banda de rock que fazia covers do U2, Metallica e Pearl Jam, entre outras. Quando comecei na TV em 1996, me ofereci para trabalhar em alguns programas musicais. Participei das transmissões ao vivo do Rock In Rio 2001, do especial Tributo a Leandro (em 2002) e do Brasília Music Festival (2003). Mas a primeira vez que eu dirigi um projeto especial de música foi no final de 2003. Fui o responsável pelo home vídeo (não existia DVD na época) da banda PO Box.

As gravações ao vivo são mais complicadas que as de estúdio?

Cada projeto é um novo desafio. Ambientes abertos, para milhares de pessoas, sem dúvida demandam equipes e equipamentos em maior número. Além da complexidade operacional, ficamos de olho na previsão do tempo e redobramos os cuidados com a segurança, tanto dos artistas, quanto da plateia e da equipe. Em locais menores, fechados, temos o ambiente mais controlado, porém os desafios sempre existem. Conseguir colocar todos os equipamentos no ambiente, detalhar mais os planos de câmera e o movimento do artista em cima do palco são sempre uma preocupação. Mas nas duas situações, o cuidado, o carinho, a atenção e o planejamento são fundamentais. Independente do tamanho do projeto, o objetivo é sempre chegar ao melhor resultado.

Cite três projetos que considera mais representativos em sua carreira?

Acho que o DVD da banda Nechivile, em 2005, para a Som Livre, pois foi o primeiro que eu dirigi do gênero sertanejo. O DVD do Jorge & Mateus no Royal Albert Hall (em Londres) é outro, pelos desafios e experiência de realizar um projeto internacional com uma equipe de multinacionalidades. Não posso deixar de citar os DVDs do Villa Mix Festival, pela complexidade e grandiosidade que gravações como essas exigem.

Você inovou no mercado ao ser o primeiro diretor a gravar um DVD musical no sistema 2K e depois inovou de novo ao introduzir o 4K, melhorando consideravelmente a resolução das imagens captadas. Fale a respeito.

Eu sempre gosto de estar à frente, introduzindo nas minhas produções o que tem de melhor na área de produção e tecnologia. Buscar novidades é sempre uma prioridade para mim. Em 2012, trouxemos o 2K Cine Super 35mm para os DVDs do Jorge & Mateus gravado em Jurerê, do Gusttavo Lima (Ao vivo em São Paulo) e o que registrou a edição de Goiânia do Villa Mix Festival daquele ano. Em 2015 fui o primeiro a gravar um projeto sertanejo 100% em 4K. Usei essa tecnologia no DVD Matheus & Kauan na praia, gravado em Brasília. Repetimos o modelo com o DVD de Jorge & Mateus Para sempre feito como nunca (gravado em São Paulo), Jorge & Mateus 10 anos (no Estádio Mané Garrinha, em Brasília), e com os DVDs de Guilherme & Santiago, Simone & Simaria, Leo Magalhães (De Bar em Bar), Henrique & Diego e Raça Negra, entre outros. Mas a cada mudança de tecnologia, eu, como diretor, tenho que me preparar, estudar a nova tecnologia, a liguagem, para obter sempre o melhor resultado.

Como se atualiza artística e tecnicamente para poder conceber novos projetos? Faz cursos, viaja ao exterior?

Eu estou sempre ligado nas atualizações do mercado. Procuro estudar, buscar referências internacionais, aprender sobre o que há de mais novo na área. Participo de eventos dentro e fora do Brasil, tanto na área de tecnologia quanto na área de criação e produção. No DVD do Gusttavo Lima Ao vivo em São Paulo, utilizamos elementos que buscamos em referências internacionais, como os shows do Rick Martin, Metallica e Jennifer Lopez.

Através de sua produtora (AT+G), você costuma produzir/dirigir clipes e DVDs também para artistas emergentes?

Claro. Como profissional, jamais escolho o artista ou estilo de música que vou trabalhar. Todos os projetos, sem exceção, são desenvolvidos e gravados com todo o profissionalismo para chegar ao mais perfeito possível. Cada projeto é único e tem a mesma importância, independente do tamanho ou do investimento financeiro. Realizo gravações pequenas, médias e grandes, de diferentes artistas e com patamares distintos.

Fale sobre sua estreita relação com o Marcos Araújo, da AudioMix, empresa para a qual realiza inúmeros projetos.

Conheci o Marquinhos na época em que ele fazia eventos de menor porte, antes do Jorge & Mateus. Não me esqueço quando ele começou a comentar sobre uma dupla de Itumbiara (J&M) e fomos juntos assistir a um show dos rapazes. Fui convidado pelo Marquinhos para fazer a direção do primeiro DVD do Jorge & Mateus (2007) e de lá pra cá sempre estive presente nos principais projetos do escritório. O Marquinhos sempre participa ativamente de todos os projetos. Juntamente com o artista e uma equipe multidisciplinar, desenvolvemos as ideias, vamos construindo o conceito, dando forma, criando uma identidade. Mas, do planejamento até os detalhes finais, tudo sempre passa pela aprovação do Marquinhos e do artista a ter o DVD ou clipe registrados.

Você cuida da direção cênica de todas as edições do Villa Mix ou apenas de algumas?

Desde 2012 o Villa Mix é um festival itinerante. A edição de Goiânia é a base, o modelo para as outras que acontecem no Brasil. Eu colaboro com a equipe da Audiomix no desenvolvimento do projeto de Goiânia, que se aplica em outras cidades. Além de Goiânia, participo ativamente em algumas edições com a transmissão ao vivo através do YouTube, como em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Fortaleza e Recife.

Sempre trabalha nas gravações e produções com os mesmos parceiros (cenógrafos, iluminadores, câmeras men etc.)?

Cada produção exige um planejameto e execução exclusivas, levando em conta o artista ou projeto a ser registrado. Sendo assim, a equipe que vai trabalhar no projeto também deve ser a que melhor se adequa às condições da produção. Eu tenho um time com no mínimo três pessoas diferentes para desenvolver as principais funções de uma gravação de DVD. Cada profissional é escalado para trabalhar dependendo de como será o conceito da gravação e o equipamento a ser utilizado.

Além do Villa Mix, tem trabalhado em outros eventos populares (festivais, festas etc.?)

Eu sou um profissional de criação e do audiovisual que ao longo dos anos fui conquistando respeito e reconhecimento pelos bons trabalhos desenvolvidos. Além do Villa Mix, tenho atuado em alguns eventos esportivos, festivais gospel e de música católica, além do Caldas Country Festival (em Caldas Novas/GO), do qual participo desde o primeiro ano, em 2005.

Pode citar alguns clipes que mais gostou de realizar?

Os primeiros clipes que eu roteirizei e dirigi tem mais de 20 anos, mas considero que ainda continuam com a liguagem atual e moderna – casos da bandas Joshua e Cruzorff e do cantor Wilson Júnior. De lá pra cá o mercado passou por muitas evoluções e transformações. O YouTube revolucionou a forma de divulgação dos clipes, das músicas, dos artistas. Entre os últimos videoclipes que eu produzi/dirigi, destaco os das músicas Loka, da Simone & Simaria com participação da Anitta (que bateu recordes de views); Consciente coração, de Humberto & Ronaldo (pela produção de época), os da banda gospel Pedras Vivas (pela temática cristã), os do Gusttavo Lima (pela simplicidade e excelentes resultados) e o da faixa 126 cabides, da Simone & Simaria (pela fotografia e pela história se passar na Argentina), entre outros.

Clique para comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Topo