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Piatã FM lidera audiência em Salvador

Cristovão Neto, diretor artístico da emissora

Berço de ritmos dos mais variados e palco onde nasceram alguns dos maiores artistas brasileiros, Salvador é quase sinônimo de melodia em cada um de seus becos ou ladeiras. A capital baiana foi uma das primeiras cidades do lado de cá do Atlântico a ouvir o toque dos atabaques. E conheceu antes de qualquer outra a mistura de berimbaus, marimbas, tambores e guitarras, o que contribuiu para o surgimento ou transformação de gêneros como o samba de roda, o samba-reggae, arrocha, axé, rock e forró moderno. Alguns deles surgiram ou viveram seu auge nas últimas quatro décadas, mesmo período de atividade da Piatã FM, emissora considerada referência no rádio de Salvador.

Dona de uma das maiores audiências do país, ocupando a liderança das pesquisas há praticamente duas décadas – algo provavelmente inédito em qualquer outra capital –, a Piatã acompanhou nesses anos todos a evolução dessa diversidade de ritmos. Mais do que isso, ajudou a fomentá-la, com sua programação popular e eclética alcançando mais de 90 municípios baianos (o que representa hoje mais de 7,5 milhões de pessoas).

Ainda assim, durante muito tempo ficou conhecida na Boa Terra como a “Rádio do Pagode”. Diretor artístico da emissora, Cristovão Neto explica que a alcunha, mesmo que merecida, nunca foi o slogan oficial da Piatã. “Existe uma grande identificação da rádio com o pagode baiano e a gente recebeu esse título com o maior carinho. Sempre apostamos em artistas deste gênero e até criamos o maior festival de pagode do estado. Mas é importante pontuar que nos últimos anos o pagode passou a ceder um pouco de seu espaço no rádio baiano para outros gêneros. O que não deixa de ser também algo positivo”, avalia.

Neto se refere a ritmos como sertanejo, arrocha, axé, gospel e MPB. Todos podem ser ouvidos na Piatã. Segundo o diretor da FM, uma rádio de sucesso deve agradar de forma plena seus ouvintes. “A gente teve que se reinventar um pouco. De uns quatro ou cinco anos pra cá, viemos modernizando a rádio e mudando um pouquinho a cara dela, readequando-a às necessidades de nosso público. Não temos objetivo de ser uma rádio segmentada em gênero. Aliás, teremos uma campanha, em 2018, que fala exatamente sobre isso. Que a Piatã FM não tem rótulo. Se é sucesso, a gente toca”, revela. Apesar desta preocupação em desconstruir qualquer imagem de segmentação, a Piatã mantém uma velha característica: a de valorizar a cultura local. Para Neto, isso é quase uma obrigação: “Lógico que temos que tocar muitos artistas locais. Primeiro porque a Bahia sempre foi um celeiro musical muito forte, exportando música pra todo Brasil. Segundo, porque é uma maneira de manter nosso mercado aquecido”.

Entre os maiores sucessos da programação da Piatã em 2017, não faltou uma representante da casa. Ivete Sangalo foi uma das artistas mais tocadas durante todo o ano, ao lado de Luan Santana, Wesley Safadão e Anitta. “As canções deles praticamente se revezam na liderança da parada. E, de uma certa maneira, comprovam a variedade de nossa grade musical. Não nos preocupamos com o gênero, mas sim com o momento do artista. Se ele está numa boa fase, qualquer que seja o ritmo de sua canção, o ouvinte absorve”, raciocina Neto. Por outro lado, o diretor da Piatã pondera que determinados estilos simplesmente não podem ficar de fora. “Não dá pra imaginar a programação sem axé, por exemplo. Sem falar que hoje é impossível uma rádio de sucesso não tocar sertanejo”, conclui.

Ainda dentro deste ecletismo musical, a Piatã toma a liberdade de concentrar alguns estilos em programas específicos. Entre eles, o Roda de Samba que, como o nome sugere, toca apenas nomes consagrados e revelações do samba. Destaque ainda para o Baladão Piatã (nas noites de sábado, já em clima de balada, com hits internacionais e música eletrônica), o Momento de Amor, que é líder absoluto no horário, tocando apenas canções românticas, e o Pra Quebrar, outro grande sucesso da programação, com muito pagode baiano aos finais de semana. Independentemente da atração, a rádio toca, em média, de 12 a 14 músicas a cada sessenta minutos. Um número expressivo, viabilizado por apenas um intervalo por hora, menos do que a maioria das concorrentes.

Na avaliação do diretor artístico, esta estratégia de tocar muita música reflete o interesse maior do ouvinte da Piatã. Pesquisas mostram que o público da emissora liga o rádio pra ouvir música. Por outro lado, Neto reconhece que há uma tendência no FM em dar mais espaço a talk shows. “As boas canções são nosso principal foco. E informações e um bom papo são complementares na programação. Não temos um programa jornalístico, mas um dos maiores sucessos de nossa grade é o Buxixo, atração que traz diariamente um convidado especial ao estúdio. Geralmente um artista, mas até políticos já foram entrevistados. O programa tem uma identidade forte, com pautas irreverentes e perguntas inusitadas aos entrevistados”, conta.

Outro cuidado da emissora é o de tentar deixar em muitos momentos a chamada “zona de conforto”, dando oportunidade a novas canções e até a novos artistas. A filosofia a ser seguida é a de que o “novo” de hoje pode ser o grande ídolo de amanhã. “Estamos atentos às revelações. O Dilsinho é um exemplo. Quando começamos a tocar suas músicas, ele já era um artista importante no Rio, mas ainda não havia acontecido na Bahia. Foi uma aposta da rádio e hoje ele se consagra no estado como um dos três principais nomes em seu segmento”, explica Neto. Além de artistas novos, a Piatã também procura sair na frente ao tocar músicas novas de nomes consagrados, não esperando que elas façam sucesso para só depois incluir na programação.

Com força suficiente para soltar novos singles e até alavancar a carreira de jovens artistas, era de se esperar também um grande poder de influência da emissora para levar sua audiência a grandes shows. E é exatamente o que acontece. A Piatã não produz espetáculos, mas está presente nos principais eventos de Salvador. “Temos parcerias com as maiores produtoras da cidade, o que nos propicia fazer a cobertura dos principais shows. Além de promovê-los”, explica Neto. No entanto, há quase uma exceção. “O ‘Samba Piatã’ é o único evento no qual a gente tem uma participação maior. E com muito orgulho, já que ele se tornou o principal festival de samba do Brasil”, completa. Em 2017, mais de sete mil pessoas foram ao Parque de Exposições Agropecuárias de Salvador para curtir Sorriso Maroto, Harmonia, Thiaguinho, Dilsinho e Leo Santana, entre outros. E a quarta edição do festival já está marcada para abril deste ano.

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