Em 2009, em Brasília, os irmãos Gustavo e Tomás Bertoni juntaram-se e convidaram Lucas Furtado e Philipe Nogueira para formar a Scalene, banda sem grandes pretensões, com poucas composições e focada em covers. Três anos mais tarde, lançaram o primeiro trabalho autoral, “Cromático”, ainda sem vislumbrar o sucesso que alcançariam nos anos seguintes. “Real/Surreal”, lançado em 2013, abriu o caminho para a banda encontrar-se no nicho do rock independente e conquistar fãs. Na sequência, o elogiado disco “Éter”, de 2015, consolidou o nome do quarteto entre o público de rock.
Mas a Scalene não sabia que em breve a popularidade aumentaria ainda mais. A banda despontou para o Brasil no reality Superstar (Globo), no ano passado, ficando entre as finalistas do programa e arrancando elogios do público até com suas músicas menos comerciais. “O programa deu uma exposição enorme à gente. A base de fãs cresceu naturalmente”, conta Gustavo, guitarra e vocal da banda. A faixa “Danse Macabre”, que integra o repertório de “Real/Surreal”, foi parar na trilha da novela A regra do jogo, mesmo contendo uma pegada que não se costuma ouvir na TV. “A gente viu a música na novela como marco, especialmente por ela ser pesada”, confessa Gustavo.
A participação da banda no reality e o segundo lugar alcançado no voto popular mostrou que há público para este tipo som. “Atualmente, o rock é um gênero menos ouvido, que vive um pouco a margem do que é tocado nas rádios”, comenta Gustavo. Ainda que ele acredite haver um circuito mais fechado para o estilo da Scalene, aos poucos a banda vê suas músicas tocando mais nas FMs. “Na maioria dos casos, para entrar no mainstream, os artistas se veem obrigados a fazer alterações no seu trabalho. Felizmente, a gente tá começando a aparecer sem precisar mudar nada no nosso som”, comemora.
Falando especialmente de rádio, o rock vive seu pior momento em execuções. Em 2015, nenhuma música do estilo se colocou entre as 100 mais tocadas em nível nacional. De qualquer forma, o vocalista não acredita que isso seja uma ameaça. Segundo ele, é possível manter a cena viva, seja no mainstream ou no underground. “Não dá para negar que a vez é do sertanejo universitário. É impossível competir com o investimento que eles tem e isso não é nenhum demérito. A saída para artistas como nós é apostar em nosso nicho e no público que se mantém fiel”.
Apesar de circular muito mais entre artistas independentes, já há algum tempo a Scalene está no casting da Slap, braço da Som Livre dedicado a apresentar talentos de estilos variados, com um quê de vanguarda. “A empresa ofereceu um trabalho bem completo, incluindo assessoria artística e gravação. Só não atua com venda de shows”, explica Gustavo. É justamente nessa parte dos shows que a Scalene se aproxima mais da cena underground. É comum os brasilienses produzirem shows e gravarem com bandas como Fresno, Far From Alaska e Supercombo. Todas tem sonoridades bem diferentes entre si, mas os respectivos públicos circulam pelos mesmos lugares.
PRIMEIRO DVD
No dia 19 de março, a Scalene gravou seu primeiro DVD. O registro acontecerá em um show grandioso, no Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília (DF). Desde sua inauguração, o espaço tem sido requisitado para gravações de alguns dos principais artistas da música nacional na atualidade, como Jorge & Mateus, Henrique & Juliano e Wesley Safadão. “No repertório, vamos colocar músicas dos dois discos anteriores, Real/Surreal e Éter, além de faixas inéditas”, adianta Gustavo.
A banda lançou duas faixas inéditas para a gravação. “Entrelaços” e “Inércia” foram publicadas junto à vídeos lyrics para que os fãs pudessem aprender a letra antes do registro. “Entrelaços” segue a linha de guitarra pesadas e letras impactantes. Já, “Inércia” é uma balada, fugindo do que esperávamos da banda. “Sempre quis o desafio de fazer uma balada que não seja óbvia e que traga elementos de vários gêneros, tô feliz que gostaram de ‘Entrelaços'”, comenta Gustavo em seu Twitter.
