Prestes a completar 70 anos em dezembro – e com 50 de carreira -, Toninho Horta, um dos músicos brasileiros mais festejados no exterior, invariavelmente tem seu nome associado ao antológico álbum Clube da esquina, de Milton Nascimento, lançado em 1972, de que participou. Mas Toninho brilhou e brilha em muitas outras frentes. Sua família toda tem histórico musical, o que acabou por influenciar sua escolha profissional. Seu avô foi maestro e compositor. Sua mãe foi bandolinista, o pai tocava violão e seu irmão mais velho, Paulo, foi contrabaixista profissional. Ele começou a carreira aos 13 anos, como compositor, e entrou para o time da MBB em 1967, ao ter duas músicas selecionadas para o Festival Internacional da Canção, fato que lhe abriu as portas como compositor e músico, seja de estúdio ou de palco.
Nesses 50 anos, como músico, arranjador ou produtor, Toninho trabalhou com nomes conhecidos da música brasileira, incluindo Elis Regina, Tom Jobim, Maria Bethania, Sergio Mendes, Edu Lobo, Nana Caymmi, Gal Costa, Caetano Veloso e Hermeto Pascoal. No exterior, gravou ou acompanhou nomes como Paquito de Rivera, Keith Jarret, George Benson, Pat Metheny e Wayne Shorter. Lançou vários álbuns solo e, como compositor, assina alguns clássicos de nossa música, como Beijo partido, Aquelas coisas todas, Manuel, o audaz, Sr. Brasilia e Aqui ó – as três últimas, em parceria com Fernando Brandt.
Toninho afirma que hoje em dia trabalha muito mais no exterior do que no Brasil, por conta do reduzido espaço da MPB no mercado interno. “Antigamente, o espaço era mais democrático. As rádios tocavam nossas músicas, havia muito mais casas de shows com foco em gêneros como a MPB, havia festivais e por isso trabalhávamos muito mais”, lembra ele, que passou a ser conhecido internacionalmente no período em que esteve baseado em Nova York, entre 1989 e 1999. “Só para o Japão, fui mais de 30 vezes. Gravei álbuns naquele país em homenagem a Tom Jobim e participei de shows de Joyce e Lisa Ono, por exemplo. Também vou pra lá regularmente para concertos com a Orquestra Fantasma, formada por mim, Lena Horta, Yuri Popoff, André Deguesh e Esdras Neném Ferreira”, explica o músico.
ÁLBUM BELO HORIZONTE
No ano passado, Toninho concebeu e colocou no mercado um songbook, em inglês e português, trazendo toda sua história, em textos e imagens, além de partituras de 108 composições que considera mais representativas em seu cancioneiro de mais de 200 obras. Neste segundo semestre, ele lançará outro projeto, o álbum duplo Belo Horizonte, com 17 faixas, gravado em 2017 na capital mineira. São duas propostas: no álbum Belo, ele mostra, ao lado de convidados, regravações de composições próprias conhecidas, como Pedra da lua (com Joyce), Aqui ó (João Bosco) e Beijo partido (Lisa Ono). No outro, Horizonte, apresenta composições inéditas, tendo na companhia músicos internacionais, com quem já se apresentou em outros países – como o austríaco Rudy Berger (violino) e o americano William Galison (gaita).
Em paralelo, Toninho está gravando um projeto internacional, produzido pelo músico Sandro Albert, que pretende lançar em novembro próximo a partir de Nova York. Trata-se do álbum Standards and stories, com versões para clássicos como I love you, My romance, Smile, Somewhere (West side story) e Greatest love of all. Ainda no final do ano, tem algumas excursões agendadas. Em outubro, realizará apresentações na Itália, Polônia, Áustria, Dinamarca e Suécia na companhia do saxofonista italiano Piero Odorici e de outros músicos. Entre 18 de novembro e 5 de dezembro, estará de novo no Japão, tocando com nomes conhecidos no país como Kazumi Watanabe, Lisa Ono e Akiko Yano. Em tempo: em meio ao trabalho de músico e produtor, Toninho ainda encontra tempo para coordenar projetos culturais e educacionais (na área de música), por meio do Instituto Maestro João Horta, criado por ele em 2013, em homenagem ao avô.