
Rick Bonadio
Profissional respeitado, Rick Bonadio é conhecido no mercado pelas várias funções que exerce ou exerceu na indústria da música – entre elas ter revelado nomes de sucesso como Mamonas Assassinas, NX Zero, Fresno, Manu Gavassi, Rouge, CPM22 e Charlie Brown Jr. Além de produtor musical, é também músico, compositor, empresário artístico, jurado/apresentador de TV e dono de seu próprio negócio, a Midas Music, misto de estúdio, gravadora e escritório de agenciamento.
Atualmente, Bonadio diz priorizar as questões de natureza artística, deixando as outras áreas de sua empresa nas mãos de diretores. “Já fui mais business, hoje sou muito mais um diretor artístico e produtor”, afirma, explicando como seleciona artistas e repertórios. “Em primeiro lugar, busco músicas que me toquem. Não vou gravar porcaria porque alguém me diz que aquilo tem cara de sucesso. Não quero ganhar dinheiro fazendo música sem qualidade. E, felizmente, posso dizer que é possível trabalhar desta forma. A Midas Music está crescendo muito. Temos artistas talentosos de vários estilos, que cantam de verdade, que compõem e que são bons de palco”, diz ele, cujo último grande acerto foi a cantora Kell Smith, que alcançou sucesso nacional – tanto no rádio quanto em plataformas digitais – com a música “Era uma vez”.
Segundo Rick, foi a cantora quem tomou a iniciativa de contatá-lo, ao mandar uma mensagem via Whats’App a Hélio Leite, diretor de Marketing da Midas. “Ele me mostrou, eram duas músicas. Eu gostei e marcamos uma reunião. Contratei no dia. Kell Smith é muito talentosa e versátil, vai da MPB ao rap. E é uma grande compositora. No início, até pensamos em fazer algo mais pop, porém no desenvolvimento do conceito artístico entendi que o lance dela são as músicas com letras fortes. “Era uma vez” tem uma emoção muito forte e fala coisas que as pessoas estão precisando ouvir e pensar nesse momento. A melodia é linda e a interpretação dela emociona. A Kell veio para ficar, não sei se de uma maneira tão popular, mas com certeza fará uma carreira sólida, com público próprio e muitos shows”, avalia.
VICTOR KLEY E OUTROS NOMES
Outro nome importante revelado recentemente por Bonadio foi o gaúcho Vitor Kley, que ele conheceu em 2015 quando produzia uma coletânea com artistas novos. “De imediato vimos que o garoto era muito talentoso e o contratamos. Lançamos alguns singles, que tiveram boa performance mas não chegaram a estourar, até que “O Sol” mostrou o talento do Vitor. Ele é pop, é MPB, reggae, rock e tem um show incrível. Muito carisma e mensagens de good vibes. Na minha opinião, é o novo Lulu Santos”, comenta Rick.
Além de Kell e Vitor Kley, o profissional fala de outros artistas com os quais tem se envolvido. “Um deles é o paraense De Maria (folk/MPB), que estou produzindo junto com o Fernando Prado. O single de “Amanheceu”, dele em parceria com a Luiza Possi, foi muito bem recebido. Acabamos de contratar a baiana Thathi, que além de cantora e compositora, toca vários instrumentos. Também estou muito satisfeito com o resultado do trabalho da (girl band) Ravena. Estamos preparando o lançamento de mais um EP do grupo, no qual aposto muito”, diz ele, citando ainda a banda Maquinamente. “É rock da melhor qualidade, talvez a melhor banda que já produzi depois do Charlie Brown Jr.”, avalia.
Além do seu trabalho de produtor e manager artístico, Bonadio está exercendo nova função nos últimos meses. Através da empresa MidasClass, o profissional ministra, de forma online, cursos e workshows (de produção, pós-produção e outras técnicas). “Penso que é necessário passar o conhecimento adquirido nesses 30 anos de música para a garotada mais jovem. Muita gente me procura – novos produtores, empresários, artistas iniciantes e até mesmo quem já está no mercado. Todos estão entendendo que é preciso ser empreendedor hoje em dia. Não dá mais para ficar esperando que alguma gravadora faça todo o trabalho”, afirma. Além de suas atribuições nas empresas Midas, Bonadio vem comandando desde março último o programa semanal Música na Band, na emissora de TV, que reúne exibição de shows e entrevistas com artistas.
Como de costume, na edição deste mês de nossa revista Show Business + SUCESSO!, pedimos ao produtor uma a relação com os discos que ele considera mais representativos em sua carreira. Confira a lista de Rick Bonadio:
CABEÇA DINOSSAURO – Titãs (1986)
“Foi o primeiro álbum que me levou a querer conhecer mais sobre produção musical no rock. Gosto de todas as faixas e do trabalho do (produtor) Liminha, que valorizou muito o disco em termos sonoros”.
QUEEN JAZZ – Queen (1978)
“Durante muitos anos foi o meu favorito e ainda está entre os discos mais importantes da minha vida. Aprendi muito sobre arranjos vocais e de guitarras com esse álbum, o sétimo da banda inglesa”.
LICENSED TO ILL – Beastie Boys (1986)
“Na época do lançamento desse álbum eu estava disposto a gravar um disco de rap. A forma com que eles faziam as rimas, os beats bem loucos e a simplicidade, me fizeram acreditar que era possível realizar meu intento”.
TRANSPIRAÇÃO CONTÍNUA PROLOGANDA – Charle Brown Jr. (1997)
“É meu disco favorito. Nele, a gente conseguiu definir o que seria a banda em toda a carreira. Misturamos rock com rap e tenho muito orgulho do som alcançado. Gravei num estúdio muito simples. Nada digital. A mixagem, fiz bem rápido. Terminei em dois dias o disco todo”.
FANCY DANCER – One Way (1981)
“Ao ouvir este disco eu decidi que queria fazer funk black-music. Além disso, a embalagem era diferente de tudo que existia na época e dava um charme especial ao álbum”.
LED ZEPPELIN IV – Led Zepellin (1971)
“Quando ganhei a fita K7 desse álbum, não sabia direito o que era. Meu tio, que era roqueiro, me mostrou a fita e disse: “Ouça aí, esse é o ultimo disco da banda, você vai gostar! Ouvi tanto as músicas, que acabei tirando todos os arranjos de bateria”.
MACHINE HEAD – Deep Purple (1972)
“Nesse álbum, que tem o clássico Smoke on the water, comecei a entender o que era tirar som de bateria. Ficava horas ouvindo e tentando entender a divisão dos microfones”.
MAMONAS ASSASSINAS – Mamonas Assassinas (1995)
“Foi nessa produção que pude pela primeira vez colocar o conhecimento que havia adquirido no mercado independente, produzindo de sertanejo a pagode, passando sempre pelo rock. A partir desse disco as pessoas passaram a me conhecer”.
CORAÇÃO SELVAGEM – Belchior (1977)
“Esse veio pela minha mãe. Ela ouvia o dia todo e eu gostava muito de faixas como Paralelas e Galos, noites e quintais, entre outras. Ficava viajando nas imagens que as letras traziam à minha mente. Uma obra-prima”.
Chopin – Toda Discografia
“Tive contato com o trabalho deste mestre da música clássica através da minha mãe, quando tinha seis anos de idade. A partir daquele momento, resolvi estudar piano e entrei no universo da música. Não fosse aquilo nada do resto teria acontecido”.