Entrevistas

Saulo promove novo álbum “O Azul e o Sol”

O subtítulo “álbum de textos, livro de música” do trabalho mais recente do cantor e compositor Saulo, O azul e o sol, deixa bem clara a proposta inicial deste terceiro disco solo do ex-vocalista da banda Eva. A maioria das 16 canções inéditas do repertório nasceu a partir de textos do próprio Saulo e de outros compositores. As melodias vieram depois. Com elas, a segunda proposta do álbum: exaltar a alegria, a positividade e, por que não, a amada Bahia do artista.

Gravado em Salvador, com a participação de nomes importantes ou promissores da cultura baiana – a cantora Danny Nascimento, o grupo Skanibais, o músico Luciano Calazans e o cantor Lazzo Matumbi –, O azul e o sol não se distancia do axé, mas também não se prende a rótulos. Tal qual seu criador. “Sou do axé, mas sou ainda mais da música. Onde ela me levar, vou de olhos fechados e coração aberto”, brinca o cantor, antes de também tentar explicar a importância da Boa Terra para sua musicalidade: “A Bahia tem um jeito… uma poesia natural, não sei… é um estado rico e inspirador. Poético como minha cidade natal, Barreiras, no interior. De uma certa maneira, esse e todos os meus discos são sempre uma homenagem a ela”.

A influência baiana no disco já fica evidenciada no primeiro single, Deixa lá, inspirado – segundo Saulo – na musicalidade do Ilê Ayê, grupo e bloco com trajetórias fortemente ligadas ao carnaval de Salvador nos últimos 40 anos. “A canção tem a clave do Ilê e sua letra é assinada pelo compositor Dom Chicla, um grande criador de nosso estado. É Bahia na veia”, brinca Saulo. Para completar a “baianidade” da canção, o video da mesma foi gravado de maneira despretensiosa durante um dos ensaios de verão do projeto Saulo, Som e Sol, num fim de tarde no Porto de Salvador.

O single e o álbum foram lançados digitalmente pela Universal Music no final de janeiro. A versão física do disco também já está nas lojas. Sucessor de Saulo ao vivo (2013) e Baiuno (2015), O azul e o sol foi produzido por Adriano Gaiarsa, instrumentista da banda de Saulo, numa realização da Rua 15 Produções, produtora do cantor baiano. Assim como nos trabalhos anteriores supra-citados, Saulo permite que o axé embale as letras repletas de “sorrisos e boas impressões”, com pitadas de reggae, folk e música africana. Um projeto com a cara do cantor? “Não tenho esta certeza. Nem eu sei qual é minha cara. Na verdade, tento ser muitos. Mas sempre com ‘verdade’. Crio com a alma”, filosofa.

TRABALHO EM GRUPO
Com a alma e com amigos. Saulo costuma dizer que acredita “na força do coletivo”. Seja para compor, seja nos ensaios ou até mesmo num carinhoso encontro com fãs para a primeira audição deste último trabalho, o artista parece se alimentar do afeto. E fazer dessa troca de energia matéria-prima para o trabalho. O visível entrosamento com os músicos de sua banda exemplifica essa “equação”. “Estamos sempre na estrada, que é dura. Somos um time e um precisa da energia do outro”. Saulo também enaltece a parceria com Adriano, produtor do álbum. “Tocamos juntos há muito tempo. Já virou aquele lance de confiança. Tenho muita gratidão pelo trabalho dele”.

Com os outros artistas, não é diferente. É bastante frequente a participação de Saulo em shows de grandes amigos e vice-versa. E o cantor não disfarça a enorme admiração por muitos deles, como Gilberto Gil e Luiz Caldas. Chega a venerá-los. A lista de artistas com quem já dividiu palcos é gigantesca. Mas Saulo não esconde com quem o entrosamento é maior. “Todos são especiais. E falo isso de coração. Sou grato a todos, mas acho que há uma onda incrivelmente boa no palco com Ivete, Levi (Jammil), Tomate e Luiz Caldas”, revela.

Depois de cumprir uma sempre extensa agenda de shows no Carnaval e, posteriormente, tirar alguns dias de folga para “descansar um pouquinho e planejar a sequência”, Saulo retornou à estrada em março. A meta é viajar pelo Brasil ao longo de 2017 com o show baseado no novo álbum. “É algo natural, acho que a turnê fecha o ciclo do disco. Além de dar sentido a ele”. Paralelamente, o artista continua apresentando o espetáculo infantil Pé de maravilha, que traz algumas canções do projeto Casa Amarela, gravado com a amiga Ivete Sangalo. “A gente adora esse filho. Um dia talvez possamos fazer outro disco infantil”.

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