Mantendo o timbre vocal característico – considerado um dos mais bonitos do Brasil – e a atitude transgressora e de vanguarda adquirida na Tropicália, Gal Costa divulga seu mais recente trabalho, Estratosférica, que pontua os 50 anos de sua carreira. E com ações exclusivas, direcionadas à juventude, consegue ampliar a faixa etária do público que consome seus shows.
A faixa que abre o disco, Sem medo nem esperança, é uma porrada sonora das melhores. Remetendo ao rock brasileiro setentista, a faixa anuncia o que está por vir. Porém é em Quando você olha pra ela que Gal dá sua tacada com 100% de acerto. Em poucos meses, a música se tornou a mais ouvida de sua discografia no Spotify. Trata-se de uma composição de Mallu Magalhães, a caçula do time de parceiros escolhidos por Gal no projeto. “Nesse disco optei por trabalhar tanto com compositores jovens como de outras gerações, com carreiras consolidadas, mas que eu ainda não havia gravado. E adorei. Acho importante devolver, retribuir à nova geração músicas de seus representantes mas com a minha marca. Muitos bebem na minha fonte, assim como eu fui influenciada por outros artistas”, afirma.
Além de Mallu, Gal Costa gravou em Estratosférica composições de Marcelo Camelo, Marisa Monte, Tom Zé, Jonas Sá, Milton Nascimento e Criolo, entre outros. “Sou uma pessoa que gosta de ousar em todos os meus trabalhos. E nesse projeto comemorativo aos 50 anos de carreira não poderia ser diferente. Agora é mais um momento de renovação, de mais um salto na minha trajetória, de uma nova ruptura. Basta observar a sonoridade do álbum. Eu queria essa pegada mais eletrônica, com arranjos mais rasgados. Gosto de criar novos caminhos. E com esse time, consegui exatamente o resultado que queria”, conta.
LP E DIGITAL
Para engrossar ainda mais o caldo no quesito conquista de fãs jovens, a Sony Music, gravadora da cantora, bolou uma boa estratégia de lançamento. Além de colocar na praça o produto no formato de CD com 14 faixas, a major optou também em disponibilizá-lo em vinil 140 gramas contendo apenas doze músicas. “O LP voltou com tudo e muitos jovens passaram a consumi-lo. Nada mais justo do que presenteá-los com essa mídia”, explica Gal. “Mas quem baixa o álbum nas plataformas digitais consegue ouvir canções exclusivas. A gravadora optou por deixar as faixas Buscar você pra mim e Átimo do som somente para versão digital, como bônus – e eu concordei. Já me acostumei a ouvir música também pela internet. Baixo no meu celular ou no meu iPad e gosto de ouvir com o fone de ouvido. É assim que é hoje em dia”, completa.
Embora Estratosférica tenha sido lançado no ano passado, Gal Costa ainda terá muito tempo para colher os frutos de seu trabalho. A repercussão do disco foi excelente e por enquanto ela não pensa em um novo produto. Focada em sua agenda de shows, Gal tem se apresentado com frequência em cidades fora do eixo Rio-São Paulo. “É muito bom poder levar minha música para os quatro cantos do Brasil. Já fiz shows em Salvador, Recife, Natal, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e em várias cidades do interior de São Paulo. E, em todas, o carinho do público foi demais. Estou muito feliz com isso”, comemora Gal.
Em seus shows, a cantora baiana nota a presença constante de ouvintes de música da nova geração. A faixa etária de seu público foi ampliada e hoje ela canta para homens e mulheres entre 16 e 60 anos. “É o ciclo se renovando e isso gera uma longevidade importante para o meu repertório. É difícil agradar uma faixa etária tão ampla, mas posso dizer que consegui essa proeza com Estratosférica”, finaliza.
